Céu "Céu" [ambulante discos - 2005]
Desde que o tempo é tempo, o Brasil ama cantar, e ama suas cantoras. E ama amar suas cantoras. O que, aliás, faz todo sentido. Os talentos de Clementina de Jesus, Astrud Gilberto, Elza Soares, Flora Purim, Gal Costa, Elis Regina, entre tantas outras ao longo dessa rica linhagem histórica, dispensam qualquer argumento. Encantam por si só.
Eis que surge a mais nova Dama Da Voz no pedaço. Direto de São Paulo, Capital, atende pelo vasto nome de Céu, e o lançamento de seu primeiro capítulo sonoro oficial, o tal disco de estréia, é a razão dessas mal-traçadas.
Daí que é gol! Comemora, Brasil! Céu parece ter caído do céu, com o perdão do trocadilho estúpido. Pode até soar como cena de gibi, mas é real: num cenário em que a repetição de fórmulas, a vulgarização da sexualidade, a segmentação de mercado, a falta de raízes, e outros monstros da pior estirpe ditam as regras no perfil da maioria das mulheres musicais, ela chega portando o estandarte da elegância, da qualidade, e com sotaque de rua. Na letra de “Bobagem”, manda na lata: “minha beleza não é efêmera / como o que vejo em bancas por aí”. Tá ligada.
Então tá: ela é bela como o vocal que emana, sim, mas esse não é o ponto. O que faz a diferença de verdade, é que até que enfim apareceu uma cabulosa, que canta pra caralho, tá focada até o talo no som (repito: s-o-m, som!) em plena Era Da Imagem, que assina a maioria das letras (negando o posto acomodado de Intérprete), brasileira sem clichê, moderna sem forçar a barra, batuqueira natural, de musicalidade profunda, suavidade jazzística, e devota suprema do balanço. Com a benção de São Jorge Ben!
Porque, na boa, só assim pra respirar as entidades ancestrais do samba (notadamente em “Malemolência” e “Mais Um Lamento”), pra chamar de seu o “Ronco Da Cuíca” do João Bosco. Só assim pra citar o mestre do funk africano Fela Kuti, incluir um dj (o tarimbado Marco) como parte essencial na estrutura da sua banda de apoio. E pra regravar ninguém menos que Bob Marley and The Wailers, com ninguém menos que o trio central de instrumentistas da toda-poderosa Nação Zumbi. O baterista Pupillo aproveitou o embalo e participou de mais três faixas. E o guitarrista Lúcio Maia também gravou outra, “Roda”, que tem todo o jeito de hit espontâneo.
Falando em parceria, a lista de bambas que dão as caras e cores no decorrer do álbum é, por si só, outra prova do talento da Céu... Além dos já citados, tem o batera Kuki Stolarki (do Funk Como Le Gusta, Bojo e mais uma penca de bandas), Alec Haiat, Ed Cortes, Antônio Pinto (os últimos dois assinam a trilha do já lendário filme “Cidade De Deus”), num time grande, capitaneado pelo respeitado produtor, compositor e multinstrumentista Beto Villares.
Mas é importante deixar claro que eles todos são, aqui, consequência. A causa de tudo é a dama, sua voz, canções e concepções. Tem personalidade e não é pouca. Tem talento e não é pouco. Tem futuro e não... daqui uns anos você me fala. Agora, larga esse texto e vai ouvir o disco dela. Isso sim.
*release do site www.ambulantediscos.com.br
ouça mais em www.myspace.com/ceuambulante
Eis que surge a mais nova Dama Da Voz no pedaço. Direto de São Paulo, Capital, atende pelo vasto nome de Céu, e o lançamento de seu primeiro capítulo sonoro oficial, o tal disco de estréia, é a razão dessas mal-traçadas.
Daí que é gol! Comemora, Brasil! Céu parece ter caído do céu, com o perdão do trocadilho estúpido. Pode até soar como cena de gibi, mas é real: num cenário em que a repetição de fórmulas, a vulgarização da sexualidade, a segmentação de mercado, a falta de raízes, e outros monstros da pior estirpe ditam as regras no perfil da maioria das mulheres musicais, ela chega portando o estandarte da elegância, da qualidade, e com sotaque de rua. Na letra de “Bobagem”, manda na lata: “minha beleza não é efêmera / como o que vejo em bancas por aí”. Tá ligada.
Então tá: ela é bela como o vocal que emana, sim, mas esse não é o ponto. O que faz a diferença de verdade, é que até que enfim apareceu uma cabulosa, que canta pra caralho, tá focada até o talo no som (repito: s-o-m, som!) em plena Era Da Imagem, que assina a maioria das letras (negando o posto acomodado de Intérprete), brasileira sem clichê, moderna sem forçar a barra, batuqueira natural, de musicalidade profunda, suavidade jazzística, e devota suprema do balanço. Com a benção de São Jorge Ben!
Porque, na boa, só assim pra respirar as entidades ancestrais do samba (notadamente em “Malemolência” e “Mais Um Lamento”), pra chamar de seu o “Ronco Da Cuíca” do João Bosco. Só assim pra citar o mestre do funk africano Fela Kuti, incluir um dj (o tarimbado Marco) como parte essencial na estrutura da sua banda de apoio. E pra regravar ninguém menos que Bob Marley and The Wailers, com ninguém menos que o trio central de instrumentistas da toda-poderosa Nação Zumbi. O baterista Pupillo aproveitou o embalo e participou de mais três faixas. E o guitarrista Lúcio Maia também gravou outra, “Roda”, que tem todo o jeito de hit espontâneo.
Falando em parceria, a lista de bambas que dão as caras e cores no decorrer do álbum é, por si só, outra prova do talento da Céu... Além dos já citados, tem o batera Kuki Stolarki (do Funk Como Le Gusta, Bojo e mais uma penca de bandas), Alec Haiat, Ed Cortes, Antônio Pinto (os últimos dois assinam a trilha do já lendário filme “Cidade De Deus”), num time grande, capitaneado pelo respeitado produtor, compositor e multinstrumentista Beto Villares.
Mas é importante deixar claro que eles todos são, aqui, consequência. A causa de tudo é a dama, sua voz, canções e concepções. Tem personalidade e não é pouca. Tem talento e não é pouco. Tem futuro e não... daqui uns anos você me fala. Agora, larga esse texto e vai ouvir o disco dela. Isso sim.
*release do site www.ambulantediscos.com.br
ouça mais em www.myspace.com/ceuambulante
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