quinta-feira, 26 de outubro de 2006

DJ SHADOW PROMETE JORNADA CINEMATOGRÁFICA NO TIM FESTIVAL

por: Lígia Nogueira, do G1, em São Paulo

Se o toca-disco e o sampler há muito tempo deixaram de ser meros equipamentos de som para se tornar instrumentos de fato, o californiano DJ Shadow é um dos maiores responsáveis. Considerado um dos mais habilidosos na arte do "turntablismo" (técnica de manipulação das picapes), Josh Davis é também um exímio produtor e garimpeiro de sons, capaz de descobrir pérolas desconhecidas de artistas esquecidos.
Trazendo seu recém-lançado terceiro disco, "The Outsider", na bagagem, Shadow promete fazer um panorama de toda a carreira, incluindo composições do elogiado "Endtroducing", que mudou os parâmetros do hip hop em 1996, e "Private press", de 2002, sem contar a extensa lista de projetos paralelos, faixas mais obscuras e músicas que ficaram de fora dos discos oficiais. As apresentações por aqui terão convidados especiais nos microfones, mas o DJ não quis "estragar a surpresa".

G1- "The Outsider" é bem diferente de qualquer coisa que você já tenha feito e conta com as parcerias mais inusitadas - dos MCs da Bay Area californiana aos roqueiros do Kasabian. Como você conheceu Sergio Pizzorno e Christopher Karloff, que cantam na faixa "The Tiger"?
Shadow
- Eu os conheci por meio do meu antigo engenheiro de som, Jim Abbiss. Ele produziu Arctic Monkeys e Kasabian, e também me apresentou ao Cris James. Trabalhamos juntos no disco "Psyence Fiction", do projeto U.N.K.L.E., e também no "Private Press". Os caras do Kasabian me pediram para fazer alguns remixes, mas minha mulher e eu estávamos esperando gêmeas, e eu estava sem tempo na época. Então combinamos de fazer algo juntos quando eu estivesse trabalhando no novo álbum, e foi assim que as coisas aconteceram.

G1- Já na música "This time" de onde você tirou os vocais?
Shadow
- Essa é uma história interessante. Há um estúdio na Califórnia que foi desativado há alguns anos. Os vocais estavam gravados em uma fita que um amigo meu encontrou perdida nesse estúdio. A gravação original é curta, estava em um dos lados da fita. Achamos que foi gravada em 1965 ou 66. Eu ouvi a faixa em um CD que esse meu amigo gravou e gostei muito. Tinha cerca de um minuto e meio de gravação, e nem terminava direito, de repente virava uma outra música ou coisa assim, era só um trecho. Depois de mais ou menos um ano estudando decidi começar a construir uma faixa inteira, completa. Foi bem difícil porque tivemos de trabalhar muito para fazê-la soar como ela é na versão final, para criar toda a estrutura da música, além de acrescentar os instrumentos, que foram tocados ao vivo.

G1- Como vão ser seus sets no Brasil?
Shadow - Eu costumo tratar meus shows ao vivo como qualquer grupo de rock. Toco um pouco das minhas coisas antigas, e das coisas novas também. Faço umas mudanças, misturo tudo e tento deixar interessante não apenas para quem conhece a minha música, mas também para quem não tem idéia de como é o meu som. E há a parte visual também, à qual eu me dedico bastante durante as apresentações.

G1- Vem alguém com você?
Shadow
- Vamos ter convidados especiais nos vocais, mas não vou contar quem são para não estragar a surpresa.

G1- Você prefere CD ou vinil? Vai tocar algum intrumento?
Shadow
- Uso um pouco de vinil, alguns CDs e DVDs. Não vou tocar nenhum instrumento desta vez; acho que vou estar bem ocupado cuidando de quatro toca-discos e manipulando as imagens no DVD.

G1- É muito difícil escolher os discos que você vai levar nas turnês?
Shadow
- Depois da minha última turnê em 2002, eu sinto como se tivesse sido revolucionário pra mim. Dessa vez, acho que sei um pouco melhor o que eu quero fazer. Agora, sei um pouco mais do que sabia antes a respeito dos meus shows. Sei o que vai funcionar melhor com o público que vai me ver. Tentei escolher algumas músicas que nunca toquei antes. À medida que os discos que levo só têm músicas minhas, fica mais fácil escolher. Tenho muito material, não toco músicas de outras pessoas. Porque as pessoas que vão me ver geralmente querem ouvir minha música.

G1- Os Beastie Boys vão se apresentar depois de você no Tim Festival. Isso muda alguma coisa?
Shadow
- Já fizemos uma turnê na Austrália há uns 11 anos. Da mesma maneira que eles tocam o que tocam, eu não mudo minha maneira de tocar por causa disso. Eu não posso fingir que sou outra pessoa.

G1- Pretende garimpar discos por aqui?
Shadow
- Ouvi coisas maravilhosas dos meus amigos sobre o Brasil, por isso quero conhecer um pouco do país, não gostaria de passar todo o meu tempo livre garimpando coisas nas lojas de discos. Mas sei que vou gastar um tempo nisso...

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